Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Santa paz


Onde estão teus olhos de paz?
Nessa bruma que despenca entre lábios roxos
Não consigo te encontrar.

Volto entre curvas de primaveras.
Busco o céu de vento soprando que teu sorriso trazia.
Tens outono e folhas secas flutuando sem direção.

Onde estão teus acenos como afago em dias de cão?
No meio dessa multidão vociferando uns aos outros
Não encontro tua aquarela nem teus pincéis de sol poente.

Bem-me-quer você dizia entre sombras de lua cheia.
Sozinha cantou teu destino.
Fechou portas,
Abriu janelas,
Regou dias de malmequer.

Procuro você nessa noite drogada.
Onde bêbados partem de volta para casa.
Onde meninas derramam no chão minissaias coloridas.

Nessa pouca luz tento um verso
Que apague o abaju
E te faça dormir do outro lado do mundo que estás agora.

Queria um minuto.
Sessenta segundos abrindo o véu do tempo.
Para te dar um alô e ver a meninice em teus olhos de santa paz.


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