Amanheceu
e teus olhos ainda dormem.
Quase
tudo foi embora, mas continuo aqui.
Escondido
como o sol entre brumas.
Silencioso
como a queda de uma pluma sem vento.
Mágico
como o asfalto emborrachado rompido pelos musgos.
A
senha é incerta.
Você
dorme e o dia já vai alto rasgando de luz a janela do quarto.
Tua
pele úmida de água e sal.
Teus
olhos vermelhos de tarde solar poente.
Teu
lar nas mãos deitadas sobre a colcha macia.
Velo
teu sono de feridas secas.
Sem você não
tenho para onde ir.
Me
pego próximo a tua distância e aguardo as margaridas brotarem no jardim.
Teus
olhos fechados não vêm o vento soprando azul a vidraça.
O
dia é claro e o calor exala despertar em meus poros.
A
vida pede uma chance e a escuridão desce cabisbaixa os degraus do sótão.
Amanheceu
e teu sono ignora o barulho lá fora.
Quase
tudo fez a volta, mas continuo a esperar margaridas.