Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Oh, João


Meu verso é meu presente
Quando à luz parecer ausente.
Arquivo as noites em claro,
As dores,
As febres...

Nos ombros suporto em sossego a escuridão
Para que a sombra do Bicho Papão
Não adentre sem cor o lar do teu sorriso.

Trago comigo o dente de leite esquecido.
Trago o choro sem gemido.
Trago cada ano imprimido.

Guardo na minha gaveta a vida que você viveu.
Rogo na minha oração a vida a ansiar tua mão.

Oh, João, aprenda, mas não se prenda.

O mundo não vale as moedas da tua virtude.
A ilusão é feita para quem ilude
E o bem é o fazer sentir bem.

O fácil tem face de bandido.
O perdão só toca o arrependido.
E a amizade é o ser amigo.

Oh, João, não esqueça, se aqueça.

Longe dos molambos do egoísmo.
Distante da covardia do cinismo.
Pertinho na lareira do iluminismo.

Ausente da ingratidão do falsário.
Perdido da traição do corsário.
Atento as duas mãos em frangalhos.

Oh, João, se atente...
E outra vez, neste mundo, tente.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Verso Livre


Não apredi a escrever soneto
Meu som é do gueto
 
Livre...
Como um embriagado livremente. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Neblinar



Descolorir o marrom dos dias de neblina
Guardar a vida nos bolsos furados da cor que fugiu do jeans

Longe segue a longitude dos teus lábios
Ressecando a saudade amarelada estendida na janela

O ar que aqui falta sopra com fúria a vela da distância
A mão esmaltada em vermelho acena ao diabo do adeus

Sobras abandonadas pelo piso
Restos irrigando o vaso sem flores
Resquícios impregnando de ontem o acordar de cada hoje

A sós o bastão de fumaça aleita de sossego o berço do desassossego
A fome etérea de igualdade acomodada no banquete de mesas desiguais

Tua pose petrificada na sombra sanitária do espelho
Teu verso tosco cheio de rimas, romãs e romances

A luz que daqui esquece é vulcão incandescente a cegar teu destino
O sorriso azedo em surdina entre frestas da maquiagem suburbana

O medo de errar a boca
O assombro de não ser mais
O terror de ser um só

Descolorir o marrom dos dias de neblina
Apagar com saliva tantos sóis de gira só
Tragar a nudez do horizonte que convida indiferente ao amanhecer.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Solar


Ela vai mudar
Vai sonhar
Flutuar em outras fantasias
Vai fluir
Acreditar nas utopias
Serenar na realidade
Comover o mundo das dificuldades.