Sou
este cara fora de moda.
Olhar
comprido,
Camisa
comprida,
Costeletas
de refrão anos 50.
Meus
motivos não são os seus motivos.
Não
canto, grito.
Toco
para esquecer onde estou.
Vivo
mais longe do que perto.
E
nego a opinião de linha de montagem.
Guardo
o que maioria não quer.
Entendo
mais de solidão do que de alegria.
Sou
mais partida do que chegada.
Sou
mais aceno do que aplauso.
Minha
janela não tem flores
Mas
o vento entra embaralhando os cabelos
E
faz os papéis voarem.
Meus
livros são repetitivos e cabem todos em três acordes.
Mando
mensagens por telepatia
E
me escondo em versos nublados cheios da umidade das galáxias.
Não
aprendi a amar
E
vivo a dicotomia do que tenho e do que quero dar.
Sou
este cara fora do mainstream.
Cheio
de noite o dia inteiro,
Cavaleiro
do sol poente,
Dom
Quixote sem moinhos de vento.
Meu
argumento é dos pequenos.
Sou
mais romântico do que realista.
Meus
planos não são os seus planos.
Não
bato, abro.
Minha
gentileza é rouca para o mundo
Mas
sei abraçar amigos em dias de palidez.
Estou
mais em discos do que em CDs.
Quase
posso tocar batons que partiram.
E
desapareço na multidão de uma coisa só.
Visto-me
de fim
E
sigo a vida sem mochilas nas costas.
Só
guardo o que não cabe em gavetas.
Sou
meio riso rindo de tudo ao mesmo tempo agora.
Minha
saudade é um livro de poemas serenado de vodca russa.
Não
sei beijar.
Não
sei aceitar o que é destino.
E
envio cartas a quem não sabe ler cartas.
Sou
este cara
Que
você já viu.
Sou este cara
Sou este cara
Que
você não vê
Passando
por você.