E
quando fecho os olhos ainda dá vontade de voltar.
Vestido
com minha camisa de mangas longas,
Sair
no meio da noite como um fantasma brilhante,
Entrar
no pequeno bar da esquina,
Pedir
outra cerveja,
Cumprimentar
com um gesto vago a tristeza de cada retina.
Tocar
os lábios no copo de vidro,
Soltar
um verso acreditando que é possível mudar o mundo,
Achar
sensual os trejeitos da dor que nos assola,
Fugir
sentado no mesmo canto de mesa depois de mais um gole.
Admirar
cautelosamente as prateleiras com garrafas enfileiradas,
Deitar
meu cansaço na noite alta de um sorriso de menina,
Sair
de mim antes deste mundo mudar a mim,
Partir
abraçado a um ruído rouco de rock and roll.
Sei
que quando fecho os olhos ainda dá vontade de voltar.
Rever
amigos, amizades e as sombras do que nos sobraram.
Zombar
dos cristais quebrados pelo chão que pisamos descalços,
Entregar
sonhos em papel crepom para mocinhas de sabores fáceis,
Elaborar
teorias em guardanapos amarelados cheios de hálito.
Ir
tão longe, mas tão longe que a razão esqueça sua razão.
E
quando fecho os olhos ainda dá vontade de voltar.
Com
minha barba longa
E
a chuva escorrendo no rosto que não aprendeu a chorar.