Sou
a parte repartida de mim mesmo.
Não
tenho encontro marcado e o horizonte bebe meu sol no fim do dia.
Conto
paralelepípedos no destino que me leva cego de mãos dadas.
Vejo
janelas abertas e flores temorosas de brotar.
Tudo
parecer correr na frente sem chegar a lugar nenhum.
É
a sirene da urgência gritando a hora do trabalho,
A
hora de levantar o corpo e seguir o trânsito,
O
dinheiro, a pose, o verbo,
As
autoridades inventadas em pódios de sal grosso.
Aspiro
a poeira sedimentada do concreto dos altos prédios.
Embebedo
meu cigarro na fumaça do óleo diesel baforada pelos escapamentos.
De
braço erguido não dá para tocar o contorno do céu que cai.
O
tempo vai aliviando a vida e regando a morte.
Quando
passei não percebi o aceno da naftalina inebriando o que não volta.
Santo
entorpecido,
Amigos
debaixo da mesma noite escura,
Mesas
equilibrando copos completos,
Meninas
e meninos,
Micropontos
de fadas salpicando pó de pirlimpimpim.
Sou
a monotonia de um bandido em eterna fuga.
Meu
amor tem vestido azul e guarda meu cansaço no colo.
Não
mando respostas.
Esqueci
a pergunta.
Durmo
e não sonho com estrelas imóveis.
Sou
cadente como um homem qualquer.
Na
minha balada cabe a vida que vivo e amargo.
Velo
o sono da solidão.
Umedeço
os percalços da estrada.
Dou
a mão às frustrações inconformadas.
Balanço
o berço nosso de cada dia.