Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Labirinto de batom



Você me divide.
Você me separa.

Não me encontro quando a luz acende.
Na escuridão sou pedaços imóveis de sombras clareadas por ti.
Cai o sereno pesado sobre meus olhos que neblina.
A noite arma estrelas no céu.
Tateio sobre muros escrevendo soluções para o amor.

Você é luva.
Você é outra metade.
Sou a diferença que polui o alívio riscado na queda do cometa.
Trago acenos e mando lembranças de mim.
Estou escondido nos lábios das bombas tristes que beijam o chão inocente.

Você é de repente.
Você é vulto que chega e já foi.
Meu delírio te espera como raio caído no mesmo deserto.
Sou eu no teu sorriso de múmias dançantes.
Sou eu teclando o piano fantasma que te faz dormir sem sonhar.

Você me separa.
Você me divide.
 

sábado, 3 de setembro de 2016

Aurora boreal




Pode ser que o sol desista.
Sei que lá fora sorrisos estão a tremer.
Minha sala em silêncio respira os livros da estante.

Tão tarde.
Tanta gente.
Tão longe.
Tanta contradição.

Meus planos de voo sombreando ruídos de trovão.
Sou este perigo tateando como um beija-flor bêbado da mesma flor.
Tento encontrar o que não se esconde.
O que te agrada.
O que te faz sorrir palavras cheias do sereno das madrugadas
.
A vida tão próxima.
A vida imitada,
Raciocinada,
Padronizada.
A vida triste que lamentamos a conta-gotas.

Sou este poeta sem cor declamando versos aos ventos das tempestades.

Pode ser que o sol desista.
Deixe-me aqui vagando entre brumas do teu perfume.
Caído no meio da sala muda,
Relendo o Uivo de Allen Ginsberg.