Cartas
do dia que cheguei,
Cartas
dessas de cada fim.
Tenho
cartas assinadas em branco,
Cartas
curtas como braços de afogado,
Cartas
aguardando resposta de um ombro ao lado.
Tenho
cartas assassinadas,
Cartas
extensas como o segundo da mais grave dor,
Cartas
tristes sorrindo da janela em passagem.
Tenho
cartas de amigos que se foram,
De
amigos que ficaram,
De
amigos que me esperam.
Tenho
cartas do passado mostrando os dentes alvos ao futuro,
Cartas
de mãos dadas,
Cartaz
de acenos para nunca mais.
Tenho
cartas que amanhecem,
Cartas
que anoitecem,
Cartas
de equilíbrio e desequilíbrio mais profundo.
Tenho
cartas de você e de mim,
Cartas
de mim junto a você,
Cartas
de você longe de mim.
Tenho
cartas que dão cartazes,
Cartas
para não ler,
Cartas
que me assombram sem ninguém saber.