Escrevo de olhos fechados
Ouvindo a escuridão tilintar seus cristais de sombras.
Meu veleiro é uma estrela apagada
Adornando a solidão desacompanhada do mar revolto.
Cada vida segue seu trilho de sobrevida
Amparando de ilusão o desejo de vida que não foi.
Minha saudade vem do tempo que havia céu
Encoberto de azul nos cabelos encaracolados da canção.
Não mais uso portas
Prefiro a poesia das janelas saciando as flores murchas de beleza.
A realidade é vagabunda
Não merece a soma dos amores delineados em sua cama.
Todo sonho é uma cópia
Da felicidade desenhada pelas mãos trêmulas dos infelizes.
Escrevo de olhos nublados
Sentindo o frio romântico da chuva que lacrimeja sem nenhuma dor.