Mas
tu olhas para o céu
e
antes que ele desabe tu gritas.
Imploras
proteção para o mal que em ti abrigas.
Pedes
paz em teu lar
e
arma de violência tuas palavras além da porta.
Queres
sombra, sossego e descanso.
Pedes
um sol bonito e brilhante no teu quintal
mas
antes de tudo envias falas de intolerância e tempestade em teus
sinais de vida.
Ninas
o teu pequeno filho que dorme protegido
e
entre lençóis perfumados que embriagam o quarto de dormir
contaminas
o sono dos já sem sono
com
teus trovões violentos de ignorância e indiferença.
Pedes
justiça, mas não és justo.
Pedes
amor, mas não sabes amar.
Pedes
ética e não suportas o peso mínimo da coerência.
Pedes
vida, mas desejas a morte ao que a teus olhos não parece espelho.
Clamas
a Deus.
Rogas
a Cristo.
Buscas
Buda, Maomé, forças sublimes da natureza espiritual.
Mas
nem Deus nem Cristo,
Nem
Buda nem Maomé,
Nem
as forças sublimes da natureza espiritual
encontram
morada no calabouço lodoso
o
qual ousas chamar “homem de bem”.