Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sábado, 12 de abril de 2014

Me Chamo Noite

Sopre o sol.
Deixe a noite sem lençóis.

Ninguém é o vazio.
A realidade soma todas as idades
E as flores são desidratadas enquanto acenam das janelas.

Meu amor é um verso finito.
Tem a cor dos olhos da menina
E a ternura da lágrima rebelde que foge sem razão.

Somos tudo que não somos.
A palavra é o entorpecente mais eficaz.
Toda crença tem sua descrença
E a força sempre ajoelha na escuridão da fragilidade.

A felicidade é o desejo que a tristeza distribui.
Não compre o padrão,
Não comungue do igual,
Não cale o seu silêncio.

Tudo é um diferente.
E toda dor vem do que insistimos
em fazer igual.

Sopre o sol.
Deixe a noite sem lençóis.

Para não dizer que não falei de Glória

Glória!
Quantas escuridões bebestes, Glória.
De olhos fechados é mais fácil acordar.
As pílulas sonham sozinhas ao teu redor.

O rastro dos teus dias são dias de Glória.

Glória!
Tudo parece tão próximo de toda a distância.
O trago, o gole, a vista passeando lentamente ao redor.
O amanhecer também traz temporais enrolados em guardanapos coloridos.

Beleza é o teu lar, o lar de Glória.

E tem o trabalho, a responsabilidade, a vida que ordena.
E tem o trânsito, o caos, a luz apagada na hora de dormir.

Glória!
Escute o sino da matriz ajoelhado em oração.
As noites mais uníssonas não são acompanhadas por estrelas.
E se nada mais dê certo encontraremos outro bar aberto.

Bom mesmo é delinear teu sorriso, o sorriso de Glória.

Glória!
Não pense em ir embora agora.
O tempo não possui sensibilidade para contar história.
Por isso dance e dance mesmo diante do silêncio profundo.

E quando acredita que nada mais vale a pena, lembre do teu viver, o viver de Glória.