Teremos
canhões nas ruas.
Canhões esquartejando os jardins das casinhas simples.
Casinhas que mais parecem equilibristas de circo.
Bamboleando um quase cai com o vento.
Canhões esquartejando os jardins das casinhas simples.
Casinhas que mais parecem equilibristas de circo.
Bamboleando um quase cai com o vento.
Casinhas
com gente pobre,
Gente humilde,
Gente negra,
Gente que tem que insistir a todo instante: Sou gente!
Gente humilde,
Gente negra,
Gente que tem que insistir a todo instante: Sou gente!
Teremos
soldados e botas de ferro pelas ruas.
Marchando brutas e apagando arco-íris com fuzil e pólvora.
Profanando terras sagradas protegidas por um xamã já morto.
Apodrecendo liberdade num porão guardado por generais de pijamas.
Marchando brutas e apagando arco-íris com fuzil e pólvora.
Profanando terras sagradas protegidas por um xamã já morto.
Apodrecendo liberdade num porão guardado por generais de pijamas.
Teremos
dias de sangue
Sangue dos que não valem nada,
Dos que não servem para nada,
Dos que não deviam existir,
Dos excluídos e dos abortados depois de nascer.
Sangue dos que não valem nada,
Dos que não servem para nada,
Dos que não deviam existir,
Dos excluídos e dos abortados depois de nascer.
Livros
serão queimados,
Ideias serão queimadas,
Pensadores serão queimados,
Por fogueiras acessas no altar dos templos
Sob oração de pastores pagãos.
Ideias serão queimadas,
Pensadores serão queimados,
Por fogueiras acessas no altar dos templos
Sob oração de pastores pagãos.
Cavamos
a vala fúnebre do nosso abismo.
E quando for meia-noite
Do último dia,
Do último mês,
Do último ano,
Dirás crédulo: “Feliz Ano Novo!”
E quando for meia-noite
Do último dia,
Do último mês,
Do último ano,
Dirás crédulo: “Feliz Ano Novo!”
E
verás a brevidade da luz dos fogos
Apagando o sol que não nasceu
Como lanterna de afogado
Sinalizando socorro
Ao se lançar por vontade própria nos braço do mar revolto.
Apagando o sol que não nasceu
Como lanterna de afogado
Sinalizando socorro
Ao se lançar por vontade própria nos braço do mar revolto.