Deu
boa tarde com orvalho nos olhos.
A
vitrine molhada dava para a rua quase deserta.
Ela
parecia feliz sem nenhuma companhia.
Pediu
um café e a noite começava a se acomodar entre seus cabelos.
Ônibus
iam e vinham em intervalos de tempo sincronizados.
Me
olhou mais uma vez e tomei o azul do seu aceno em pequenos goles.
Me
contou um último segredo.
Falava
bem próximo
E
seus lábios enviavam cartas despretensiosas de amor.
Tinha
o hálito do hortelã que vinha do chiclete mascado lentamente.
Não
contava saudades nem lamentos do que não deu para ser.
Era
só e somente assim parecia feliz.
Leu
um poema de Bandeira escrito num papel amassado de bolso.
Sorriu
como um alívio da dor quando adormece.
Se
mostrou linda novamente.
Levantou,
deu as costas e antes abanou os cílios para mim.
Deixei-a
ir sumindo entre a névoa de gotas cinzas que o inverno traz.
Até
não mais vê-la em mim.
Parecia
feliz,
Parecia leve sem nenhuma
companhia.