Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

terça-feira, 21 de julho de 2015

Relento



Colho a neblina que sombreia a umidade pesada dos meus olhos.
Aquele menino triste nunca me deu adeus.
A ausência tem odor de hortelã
E a noite fria flerta com meu coração parado.

Daqui tudo parece demorar universos.
O mundo insiste em me enviar versos descoloridos.
A fraqueza me vigia do último andar das minhas quedas.
Sei desenhar erros corretamente,
Sei ampliar o espaço do nada que me absorve,
E trilho com minhas contusões abrigadas nos calos das pontas dos dedos.

Sair de casa é sempre espelho quebrado.
E o segredo tão próximo abre suas letras
Que choram no amanhecer que parecia tranquilo.
Colho estilhaços que supuram a epiderme inflamada do poeta.
Tento um aceno, mas a gravidade pesa mais.
Tento um socorro, mas as ambulâncias estão ocupadas.

Tento, tento, mas o céu não me aceita por muito tempo.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Pluma



A vida não é dura 
nem pesada.
A vida é pluma
desfolhando 
seu pólen 
descolorido 
pelo passeio.

E escapa como um susto das nossas mãos
No mais curto risco do cometa distração.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Pardalzinho



Pardalzinho caído do último galho da mangueira.
A chuva é forte e molha de frio suas penas.

Pardalzinho desvia o frágil curso da lama.
A tarde é escura e fecha seus olhos com as mãos.

Pardalzinho respira a falta de ar do que vai acabar.
A ventania é leve e toca a vida dali a um outro lugar.

Pardalzinho se foi no curto espaço do tempo.
Mas o adeus segue longo quando o temos por perto.