Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sábado, 17 de janeiro de 2015

As Gavetas do Nunca Mais



Nesses dias de tropeço diluo a cinza que cai dos pedaços.
Seu céu é uma das graças que habitam meu dedo sujo de tinta azul.
Sei que de olhos fechados quase se pode ver,
Mas, o nunca mais...
Nunca mais a vi de novo.

Quantas sentenças ainda aguardaremos sentados nessa mesma estação?

O vento que passa não nos vê.
O invisível é um trago de luz na escuridão de tantas faíscas acesas.
Chego mais perto, mas o encontro seguiu sem mim.
Passeio nas mesmas ruas, nos mesmos parques, nos mesmos bares.
Tudo que aqui passou não ficou.

As coisas envelhecem e somem como hálito de chuvas de verão.

São horas que o relógio estafa e para os ponteiros puxando fôlego.
E os dedos de epiderme endurecida tateiam a nebulosa da lembrança.
É a busca da chave engolida pelo dragão do volta não.
É a segurança do nunca mais em suas gavetas sem fechaduras,
Impelindo a vida a seguir em frente sem olhar atrás.