Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sábado, 9 de janeiro de 2016

A dobra que o sino faz



Seu rosto de turbeculosa
Guarda o horizonte da janela
Com mesa posta
Café,
Almoço,
E janta prontos
Na espera da paixão platônica
Que se diverte com outras mulheres.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A mão que segura vento



Desculpe, mas sinto.
E sentir nos deixa assim
Frágil,
Em cacos,
Em partes,
Distante como ave manca do céu.

A conclusão da vida é curta.
Bebemos escuridão quando o sol vai embora.
De joelhos enchemos de calos nossa alma estafada.
Não podemos com tanto peso
E a coluna enverga em noites como esta
De lábios secos,
Voz engasgada,
E olhar em desencontro perpétuo.

Tem alegria guardada na fotografia.
Imagem paralisada e morta nos braços mofados do tempo.
Não entendo o que me move neste vale de luzes apagadas.
Você não estar mais aqui.
Saiu de casa.
Saiu de mim.
Saiu de nós.

Talvez ainda caiba num refrão negro de um blues,
Numa corda partida de guitarra,
No cesto que engole poemas abortados de poetas tristes.

A conclusão da vida é curta.
É preciso saber dizer adeus.
É preciso se manter de malas prontas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Biografia de liberdade e angústia




Saí de casa aos 14 anos de idade.
Fui estudar fora.
Não tinha sonhos. Somente aventuras.
Conheci outras ruas.
Vivi outras vidas.
Sorri mil sorrisos.
Chorei a tristeza das lágrimas em voo livre.
E inadvertidamente,
Descansei a cabeça em colo distraído.
E minha vida perdeu o risco,
O ruído,
O estranho depois da esquina.

E o que escrevo não é poesia.
E sim, uma biografia
De liberdade e de angústia.