Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A mão que segura vento



Desculpe, mas sinto.
E sentir nos deixa assim
Frágil,
Em cacos,
Em partes,
Distante como ave manca do céu.

A conclusão da vida é curta.
Bebemos escuridão quando o sol vai embora.
De joelhos enchemos de calos nossa alma estafada.
Não podemos com tanto peso
E a coluna enverga em noites como esta
De lábios secos,
Voz engasgada,
E olhar em desencontro perpétuo.

Tem alegria guardada na fotografia.
Imagem paralisada e morta nos braços mofados do tempo.
Não entendo o que me move neste vale de luzes apagadas.
Você não estar mais aqui.
Saiu de casa.
Saiu de mim.
Saiu de nós.

Talvez ainda caiba num refrão negro de um blues,
Numa corda partida de guitarra,
No cesto que engole poemas abortados de poetas tristes.

A conclusão da vida é curta.
É preciso saber dizer adeus.
É preciso se manter de malas prontas.

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