A
chuva enxugava o calor do asfalto.
O
frio de sobretudo sorria seus lábios de gelo.
Do
outro lado da escuridão a brasa do cigarro deletava a existência da vida.
Vidraças
fechadas.
Cobertores
acordados.
Sono
na mesma mesa do sonho.
A
rua seguia com a lama carregada nos cantos de calçada.
Um
copo de vidro amarelado aparava as goteiras sem ar.
A
roupa pesada de calafrios bebia todas as gotas da tempestade.
Nuvens
carregadas camufladas de cinza.
Céu
embriagado escondendo estrelas.
O
silêncio do socorro com mãos de temporal.
A
noite era um mar revolto rasgando com fúria as cores da cidade.
Ainda
deu tempo de piscar no teu rosto nu
Mas,
o sol partiu-se em cacos alaranjados da mais nobre ternura do fim.
Enquanto
o firmamento desabava feito um suicida na força de todas as águas
Eu
sapateava solitário no ventre rústico dos trovões,
Abandonando
os planos falidos no espaço milimétrico do teu ruído.
O
dilúvio era adeus
E
ao adeus entreguei o sereno do que se foi para mim.