Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Para Quando o Frio Voltar



A chuva enxugava o calor do asfalto.
O frio de sobretudo sorria seus lábios de gelo.
Do outro lado da escuridão a brasa do cigarro deletava a existência da vida.

Vidraças fechadas.
Cobertores acordados.
Sono na mesma mesa do sonho.

A rua seguia com a lama carregada nos cantos de calçada.
Um copo de vidro amarelado aparava as goteiras sem ar.
A roupa pesada de calafrios bebia todas as gotas da tempestade.

Nuvens carregadas camufladas de cinza.
Céu embriagado escondendo estrelas.
O silêncio do socorro com mãos de temporal.

A noite era um mar revolto rasgando com fúria as cores da cidade.
Ainda deu tempo de piscar no teu rosto nu
Mas, o sol partiu-se em cacos alaranjados da mais nobre ternura do fim.

Enquanto o firmamento desabava feito um suicida na força de todas as águas
Eu sapateava solitário no ventre rústico dos trovões,
Abandonando os planos falidos no espaço milimétrico do teu ruído.

O dilúvio era adeus
E ao adeus entreguei o sereno do que se foi para mim.

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