Amanhã falo com você.
Acordo antes do sol,
Deixo a barba feita,
O terno engomado,
E aguardo o primeiro ônibus.
Olharei pela janela embaçada,
Verei a urgência no correr das pessoas,
Ouvirei o freio,
A buzina,
A máquina do coração.
Sentirei a angústia do vendedor de chicletes,
O calo na mão do limpador de para-brisas,
O hálito do bêbado sem lar,
A loucura milimétrica dos entorpecidos na Praça João Maria,
A saudade de quem nunca viveu saudade.
Descerei no ponto final do tráfego.
Cumprimentarei a estranheza pálida dos que esperam.
Aguardarei a ordem do sinal vermelho,
A parada dos automóveis,
Contarei com meus sapatos as linhas da faixa de pedestre.
Depois da caminhada sentarei no banco da praça sem jardim.
Ouvirei um pardal urbano cheirando a óleo diesel,
O vento quebrando folhas secas,
O ronco do mendigo há alguns metros,
As réstias dos prédios lançando suas sombras de concreto.
Esperarei você com lábios molhados pela língua,
Admirando a paciência dos ponteiros do relógio da igreja,
Datilografando um dia perfeito no presente,
Fazendo pose para o sol que banha meu cabelo,
Guardando um verso de flores sem fim.
Amanhã vale a pena viver.
Amanhã falo com você.
Acordo antes do sol,
Deixo a barba feita,
O terno engomado,
E aguardo o primeiro ônibus.
Olharei pela janela embaçada,
Verei a urgência no correr das pessoas,
Ouvirei o freio,
A buzina,
A máquina do coração.
Sentirei a angústia do vendedor de chicletes,
O calo na mão do limpador de para-brisas,
O hálito do bêbado sem lar,
A loucura milimétrica dos entorpecidos na Praça João Maria,
A saudade de quem nunca viveu saudade.
Descerei no ponto final do tráfego.
Cumprimentarei a estranheza pálida dos que esperam.
Aguardarei a ordem do sinal vermelho,
A parada dos automóveis,
Contarei com meus sapatos as linhas da faixa de pedestre.
Depois da caminhada sentarei no banco da praça sem jardim.
Ouvirei um pardal urbano cheirando a óleo diesel,
O vento quebrando folhas secas,
O ronco do mendigo há alguns metros,
As réstias dos prédios lançando suas sombras de concreto.
Esperarei você com lábios molhados pela língua,
Admirando a paciência dos ponteiros do relógio da igreja,
Datilografando um dia perfeito no presente,
Fazendo pose para o sol que banha meu cabelo,
Guardando um verso de flores sem fim.
Amanhã vale a pena viver.
Amanhã falo com você.