
O crepúsculo acompanha a procissão de esquifes enfileirados.
A terra árida se alimenta do sangue da última batalha.
A armadura nunca é tão dura.
Todas as lutas vencidas de velas acesas no campo escuro.
A derrota nunca deixa de acariciar a vitória.
A mudança chega de mãos dadas com o que nada mudou.
Tem todas as revoluções dentro do seu diário.
O bicho dentro de cada caverna devora carne crua.
Deuses criados na pedra negra que nos sacia.
A ferida aberta por nossas próprias espadas.
Uma oração para a morte vestida do cetim que costuramos.
O cavaleiro admira o brasão com a tristeza da sua certeza.
A bandeira tremula no sopro do vento noturno sem estrelas.
A ordem cultivada no jardim sem flores da desordem.
O mundo dolorido gemendo dentro de nós.
Mãos postas no aço sombreado que o egoísmo cultiva em seu louvor.
Nunca se é tão forte diante do mais forte.
O Cavaleiro de Cristo recua.
Toca a cruz com o menor dedo da sua mão.
Ouve a voz mastigada de um bardo soletrando sua poesia pedinte.
À distância nem sempre é tão longe.
Os músculos do cavalo de guerra se contraem diante do nada.
Por vezes a constatação é maior do que qualquer oração.
O Cavaleiro de Cristo segue parado.
Percorre a cruz do seu brasão com o menor dedo da mão.
Lembra-se de casa contado os cascalhos da estrada.
A fileira de escudo, o metal pontiagudo das lanças,
o rugir dos tambores surdos, a ganância do que nada sobra,
a promessa que não se cumpre.
O Cavaleiro de Cristo não acredita mais nos homens,
Não confia mais nos anjos,
Não acena mais nenhum juramento as causas.
Ele ajoelha e não encontra os santos.
O Cavaleiro de Cristo alcançou a constatação
Que é maior do que qualquer oração.
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