Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Neblinar



Descolorir o marrom dos dias de neblina
Guardar a vida nos bolsos furados da cor que fugiu do jeans

Longe segue a longitude dos teus lábios
Ressecando a saudade amarelada estendida na janela

O ar que aqui falta sopra com fúria a vela da distância
A mão esmaltada em vermelho acena ao diabo do adeus

Sobras abandonadas pelo piso
Restos irrigando o vaso sem flores
Resquícios impregnando de ontem o acordar de cada hoje

A sós o bastão de fumaça aleita de sossego o berço do desassossego
A fome etérea de igualdade acomodada no banquete de mesas desiguais

Tua pose petrificada na sombra sanitária do espelho
Teu verso tosco cheio de rimas, romãs e romances

A luz que daqui esquece é vulcão incandescente a cegar teu destino
O sorriso azedo em surdina entre frestas da maquiagem suburbana

O medo de errar a boca
O assombro de não ser mais
O terror de ser um só

Descolorir o marrom dos dias de neblina
Apagar com saliva tantos sóis de gira só
Tragar a nudez do horizonte que convida indiferente ao amanhecer.

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