Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O velho na janela

Velho marinheiro de olhos na janela.
Acenando com vista de neblina
Um vento de vela de chama frágil.

A luz que cai é noite.
O som que chega é sereno.
O amor que foi não volta mais.

Um velho pálido sorrindo mudo da janela.
Acompanhando com gestos lentos as estampas dos vestidos.
A maquiagem urbana avisa que tem coquetel no bar.

Ruas de paralelepípedos dizendo siga.
Poste da esquina apagado.
Flores de plástico no jardim do que é eterno.

Um velho guardado dentro de si.
Cabelos longos escorregando todas as cores nos ombros.
Esquelético, esquálido, feliz.

Bebendo doses de lua.
Mágico como a espera do que nunca vem.
Puro como o zumbir de mosquitos trazendo o inverno nas asas.

Nenhum comentário: