Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A via láctea no meu óculos

A noite cai profunda nas lentes do meu óculos escuro.
A escuridão de copo na mão traz seu sobretudo de silêncio.
Ao olhar para o lado a estrada a frente se perde.
Tudo é tão transitório que quase não dá para tocar.
Do outro lado do mundo palpitam lábios e batons,
Estrelas e constelações,
Vidas se diluindo
Na alternância que a maresia entrega entre invernos e verões.

Sentado no meio do nada consigo entender o nada.

Vejo a cauda cintilante do cometa que evapora no ar.
O fogo extinto na voz que nasce e vai falecendo muda noite a dentro.
A velhice que bebe a beleza num bar frio de beira de estrada.
O debater em vão de quem busca a vela de cera da eternidade.

O céu negro abraça olhos azuis.

Se penso existo em algum lugar perdido em alto-mar.
Não estou aqui.
Não sou eu.
Existo no que penso e pensar é ilusão.
Filme com roteiro pronto marchando epiléptico para o fim.

A realidade desse mundo é uma ficção em cores de hd.
Somente o nada é real.
O nada e a escuridão profunda.
Essa que naufraga no meu óculos e me faz perceber o vazio.

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