Vamos falar mais baixo.
O grito é surdo neste mundo.
_
Despiu a sainha de chita da menina.
Prometeu
cacos de vento em um verso.
Sobraram
as sobras em retalhos bicolores.
Vamos
falar mais baixo.
A
cidade é lágrimas no subúrbio dos contentes.
_
Sapateou no assovio um blues ao relento.
Queimou
erva-doce no chá das cinco.
Despejou
na calçada da liturgia o bronze dos ombros.
Vamos
falar mais baixo.
O
segundo é o tempo necessário a qualquer fim.
_
Bateu estrelas no liquidificador dos lábios.
Sentou
ao lado relampeado de cada deus.
Entendeu
a soma das dores dos mil diabos.
Vamos
falar mais baixo.
A
virtude não usa espelho.
_
Abraçou sorrindo as mais negras despedidas.
Tirou
o chapéu para a sabedoria dos ignorantes.
Acendeu
uma vela em devoção a toda contradição.
Vamos
falar mais baixo.
O
esquecimento é o lazer da memória.
_
Saudou o santo apodrecido em todo homem.
Lembrou-se
da menina, da sainha, do verso, do blues...
Tragou
a lama da Terra não encontrou pureza nenhuma.
Vamos
falar mais baixo.
A
mão no gatilho frio acredita que seus passos só cabem no espaço.
_ Siga
em paz.
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