Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Páramo

Ele vestiu os mantos da paixão.
Seduziu a flor do lótus.
Despiu vestidos multicores.
Não se sabe dizer aonde foi.

Seu nome tinha pedra, ar, pétala, espinho.
Sua canção ébria com um estado terno de loucura.
Às vezes era andrajo poetizando a dor.
Às vezes era a própria dor em traje de gala.

Fantasiou amores.
Distribuiu em frascos vagabundos sua filosofia marginal sem analgésicos.
Despertou suspiros sem nunca amar verdadeiramente.

Havia mais que gestos turvos.
Mais que versos em nervos saltitantes.
Mais que meras luzes ofuscadas pelo dia.

Havia a embriaguez suave do sentir.
Havia a amizade perfeita da solidão.
E se fez filósofo em trajes de poesia.
E se fez poesia em lenços de filosofia.

Trajou-se de frio, chuva, relâmpago, trovão.
Saudou amizades com o hálito de amigo.
Depois se foi sem dizer aonde ir.
E deixou entre um trago e outro um verso apagado em todas as mesas que passou.

 

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