O aqui chove tudo que vem de fora.
A lágrima sorri nebulosa por trás da vidraça.
Esse frio de ternura serenando eterno no lençol.
Dedos cegos tateando sob a luz de velas.
O amor é a ditadura da responsabilidade.
A hierarquia espacial do coro dos que se dizem contente.
O amor é o seu assombro de tristeza ao acender a lamparina sem dia.
É um poema longo escrito em mesa de bar por poeta analfabeto de amar.
Abaixo todos os clichês!
Abaixo a soma de todos os pensamentos definitivos!
Não me tragam a verdade em pílulas industriais.
Não me batam a porta com uma notícia que não é sua.
Não me chamem pelo mesmo nome morto de um refrão em série.
Milimétrico, calculado, encaixado nos lábios mudos e repetitivos da massa.
Há tempos a felicidade é a maior de todas as angustias.
Produzida a todo vapor no disfarce uniforme de caras e bocas dos tristes.
Só faz lembrança de felicidade quem tem necessidade de felicidade.
Essa musa vestida de latim subjugando o perecer dos fracos.
Abaixo todas as máximas!
Abaixo a adição de todas as teses sem mais discussão!
A beleza da vida é se dá por feliz com seu constante abalo.
Até alcançar o ponto neutro dele não causar mais nenhum espanto.
Nessa hora a felicidade passar a mendigar moedas no subúrbio.
E nossas orações tocam qualquer canção com a mesma alegria.
É preciso cuidado com o verme do perfume das flores.
Por isso autorizo meus versos cuspir ao lixo a água com açúcar.
Duro ou suave pertenço ao agora mesmo.
E minha taça de vinho tinto permanece cheia a brindá-lo com louvor.
Abaixo o dia sem noite!
Abaixo a reta sem curva!
Meu poema cai e levanta sem a penúria de nenhuma benção.
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