Pássaro Unitário

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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Bancos de Rodoviária



Esses bancos de rodoviária
Cansados de tanta partida...
Enfadados de tanta chegada...

Entorpecidos de cerveja, cafés,
E da fumaça intragável de muitos cigarros.

Abraçados na canção ruída dos motores desajustados,
No ringir esforçado de freios desgastados,
No perfume emborrachado de pneus queimados.

Seu passeio chora no sorriso de quem chega.
Seu passeio sorrir nas lágrimas de quem vai partir.

Por vezes, um viajante se refugia ante a noite sem luz.
Por vezes, somente a escuridão desce para serená-los.

Como são sós os bancos de rodoviária.
Como são melancólicos os bancos de rodoviária.

E continuam lá...
Sem a menor probabilidade de fuga.
Sem o menor risco de suicídio ou delito qualquer.

Esses bancos de rodoviária são amigos.
E foram os únicos que compartilharam
A falta de tudo
Quando tudo partiu.

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