Os cães ladram, mas a caravana não para. Acredito que este axioma tem o teor estóico em toda a sua plenitude. É a sequencia do sábio que conduz seus passos no caminho planejado para sua auto-elevação, sem se ater as necroses que contaminam o seu habitat. Certa vez, um professor de sabedoria, entre um gole e outro de vinho tinto, confidenciou: A vivencia da filosofia torna o homem super. Os estóicos sabiam disso e não condicionavam seu estado de espírito ao âmbito externo, onde não poderia haver a preponderância do controle.
É fato que somos a todo instante tocados por acontecimentos que influem minimamente ou soberanamente nos laços de vida que compomos. Muitas vezes a dor, a tristeza, a angústia ferve nossos pés no meio de um deserto quase incolor. Somos testados em pontos físicos e psicológicos necessários ao condicionamento humano, condenado, sem trégua, ao âmbito iluminado da sabedoria. Esse saber existencial e cósmico vai sendo burilado e fortalecido quando cultivamos em cada situação atroz a candeia fluorescente da virtude. Mas o que seria a virtude¿ Para o filósofo prussiano Immanuel Kant esse bem é aquilo que torna o homem digno de ser feliz. É a credencial alicerçada em base rochosa concedendo crédito ao estado de graça vislumbrado por tantos.
O Filósofo do Jardim, Epicuro de Samos, vai além, apontando as chamadas Quatro Virtudes Cardiais, como sendo: A Sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça. Elementos vitais para se conduzir uma vida adequada e boa. Mas, vem à indagação, como tornar-se um homem virtuoso¿ Raul Santos Seixas no acordes roucos do rock Eu Sou Egoísta, concede o plano: O homem é o exercício que faz. Isso mesmo, o treinamento, a convivência, a prática cotidiana do ofício na marcha assídua e reta é que forma com exaltação qualquer combatente.
As armas utilizadas pela sociedade moderna iludem e contaminam o ser em cada ato desproporcional ao sentido plano de uma vida em harmonia. É preciso ter em mente que o vício praticado vicia único e exclusivamente o maestro da ação, que deve beber sem cor toda a escuridão que produz. Outro ponto estóico de suma seriedade é que as coisas são todas proporcionais ao nível de importância que damos a elas. Nós, seres pensantes, é quem conceituamos os contatos que degustamos. É quem fabricamos os monstros, os horrores e as vitórias. Somos responsáveis pela condução do nosso EU. Então, assim sendo, optemos sempre pela virtude, que passeia sossegada a distância de qualquer desastre psicológico. Mas, tenhamos sempre a convicção de cativar a premissa inicial de todo aspirante a virtuosidade, que é aquela talhada humildemente em voz mansa pelo pensador ateniense, Sócrates, diante da prepotência e da soberba do pseudo: Eu só sei que nada sei.
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