Procurar você na fumaça poluída dos automóveis
No grito louco de um freio brusco
Na música que as antenas assoviam com o vento.
Te achar onde você nunca vai estar
Desenhar tuas formas no contorno de cada edifício
Ondular teus cabelos no passeio emborrachado do asfalto.
É necessário ir onde você nunca vai estar
É necessário sondar todas as saias da lua.
Com mãos machucadas te afago.
Com bocas ressecadas te beijo.
Procurar você na pluma do beija-flor.
No gemido vagaroso do trem ferido.
Na vida desvivida de tudo que você não quis.
Te encontrar onde você nunca vai estar
No adeus do pra sempre na distância
Nas vestes gélidas em desalinho da solidão.
Te achar onde você nunca vai estar
Para que todo horizonte tenha sempre você por lá.
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