Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Criptonita

Estamos envelhecendo debaixo do sol de criptonita.
Lírios alvos desidratam na lapela do meu blusão sem cor.
Jeans,
cabelos longos
e música rápida no rádio.
Mãos coloridas,
Céu de fim de mundo,
Malas leves.

Quando você preferiu ficar o relógio parou.
Restou a falta do próximo passo.
A esquina a ser dobrada.
Páginas brancas voando do outro lado da avenida.
A segurança te segura.
Te mantém fixa,
Estática,
Apagando raios de sonhos com colher de chá.

Estamos evaporando no tempo.
A matéria fecundada é bebida como areia na ampulheta.
Mandam-se cartas sem respostas para o queria ser.
Os bares cheios,
Os copos cheios,
A vida cheia.
Tudo tão cheio sem nada completar.

Poderia dizer eu te amor.
Mas como é que se diz eu te amo?

Desaprendemos amar.
E a chuva,
As ninfas,
Os amores,
O que poderia ser,
O que desistiu de ser,
Parecem tragar cânhamo
No horizonte das esquinas que nos impedimos de dobrar.

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