Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Olhos de locomotiva



Seus olhos me lembram uma noite sem estrelas
Fitando minha solidão enquanto caminho de volta para casa.

Carrego sujeira nas unhas e amores desfeitos.
Sigo sonâmbulo na vida que me engana que vivo.
Tenho razões e razões não valem nada.
Tenho aplausos e aplausos não valem nada.
Tenho tudo que nada vale.

Vou chegando e partindo na imagem que a janela do carro deixa para trás.
Nem a chuva visita meu para-brisa agora.
Nem o vento resseca minha retina nesta hora.
Seus olhos me lembram meus assombros de criança.
A ausência de medo me larga sozinho em frente ao rugir da locomotiva.

Sigo, sigo e sigo.
Deixo para trás.
Esbarro no que vem a frente.

Sou esta dor, este embaraço, esta história anônima.
Sou o reflexo que apaga a luz dos seus olhos sem estrelas
E te faz dormir quando o sol não tem mais nada a iluminar.

Nenhum comentário: