Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Azul da Partida

Vai ninguém te ver.
A rua é escura é as sombras não se conhecem.
Segue o pio estridente da rasga mortalha.
Sem adeus,
Sem lembrança,
Sem estação para pouso.


Carrega apenas teus discos e poemas.
Apaga o resto que restar da tua réstia.
Bota tuas botas no chão e não olhe para trás.
Segue o ritmo compassado do teu blues.


Vai ninguém pode te ver.
A noite bebeu as estrelas e o vento se perde sem luz.
Segue o latido dos cães na alta madrugada.
Sem gemido,
Sem afeto,
Sem notícias para ninguém.


Não espere o que não se vê da janela.
Não acene para as cenas que fogem.
A dor cabe em cada copo quebrado.
E a bebida é o disco voador dos teus dias.


Vai ninguém consegue te ver.
O sono nublou o passeio e as almas têm medo de sair.
Segue o chicote da chuva que se estraçalha no chão.
Sem medo da queda,
Sem escolher leito,
Sem desespero da morte.


Vai, vai, vai...
E a nada te afeiçoe
Para que não tenhas que voltar
A carregar pesadas malas.

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