
A névoa radioativa se fez mulher.
Feiticeira, dançarina, ninfa noturna.
O cântico foi meu devaneio mais profundo.
Não havia janelas.
A fumaça,
O álcool,
O balé,
Contaminavam o palco, o texto e os atores.
Seu olhar purpúreo drogava os espectros.
As fadas inocentes choramingavam na porta da frente.
Vozes entorpecidas entrelaçavam-se
em um ritual de devoção a algum deus profano.
O maestro em trapos coloridos reluzia as esferas de todo olhar.
Meu devaneio cintilava seus sapatos pretos
na sonoridade inconsequente daquele mórbido salão
impregnado da mais doce de todas as morfinas.